O mercado de trabalho surpreende, mas desafios fiscais e inflação minam o otimismo dos investidores.
Resistência do emprego brasileiro desafia metas do Banco Central.
A taxa de desemprego caiu mais do que o esperado, revelando um mercado de trabalho persistentemente robusto no Brasil. O [IBGE](https://www.estadao.com.br/economia/ibge-pnad-taxa-desemprego-maio-2025/) confirmou nesta sexta-feira que a desocupação ficou abaixo das projeções, confirmando tendências já alertadas pela última ata do Copom. O recuo do desemprego foi destaque, com o órgão apontando o menor índice para um mês de maio em toda a série histórica. “O aumento do emprego é positivo, mas pode ter efeito colateral indesejado sobre a inflação”, alerta Pedro Ros, presidente da Referência Capital. Um cenário que, com a Selic já nos 15% ao ano, amplia pressões para manutenção dos juros elevados.
A visão do Banco Central é clara: o crescimento de vagas, aliado ao avanço salarial, expande o poder de compra e pode aumentar a inflação ao estimular o consumo. Segundo especialistas, grande parte dessas novas vagas concentra-se em setores de baixa produtividade, dificultando melhoria da renda e do consumo além de certo limite.
- Oportunidades concentram-se em ocupações com pouco potencial de crescimento salarial.
- Persiste preocupação com possível sobreaquecimento do consumo.
No contexto internacional, o índice PCE, usado pelo Fed dos EUA como principal métrica de inflação, atingiu 2,3% em 12 meses, acima da meta de 2%. Tal dado reacende debates sobre política monetária nos dois países.
Inflação alta nos EUA pressiona dólar e juros brasileiros.
O avanço do PCE nos EUA, aliado à possibilidade de troca na presidência do Fed, estimulou especulações no mercado global. Com membros do Fed sinalizando possível início de corte de juros, as apostas se voltam para oportunidades que podem beneficiar mercados emergentes como o Brasil. Lucas Grahl, operador na Manchester Investimentos, observa: “Esse movimento pode abrir espaço para a queda dos juros aqui se a inflação seguir controlada”.
O impacto foi perceptível na oscilação do dólar frente ao real. A moeda americana caiu 0,27% apenas nesta sexta-feira, fechando a R$ 5,48, e já acumula queda de 11,27% em 2025.
- Taxas do DI seguiram estáveis ou tiveram queda marginal em diferentes vencimentos.
- O risco de inadimplência fiscal segue no radar para prazos mais longos.
No [Ibovespa](https://exame.com/economia/taxa-de-desemprego-no-brasil-cai-para-62-em-maio/), a volatilidade predominou. Vale (VALE3) se destacou com alta de 1,92% impulsionada por commodities, enquanto outros papéis ligados à carne (Marfrig e BRF) recuaram após contestação da fusão por Minerva Foods junto ao Cade.
Cenário político: revés do governo no IOF agrava incertezas fiscais.
A Câmara suspendeu a elevação do IOF, criando impasse sobre receitas do governo justo quando o IPCA-15 surpreendeu positivamente. Fernando Haddad, ministro da Fazenda, sinalizou que pode caber ao presidente Lula acionar o STF para tentar reverter o quadro: “A palavra final será do presidente”.
A decisão abre dilema fiscal, pois coloca em xeque a saúde das contas públicas e a capacidade de cumprir a meta de 2026, pressionando o Executivo a buscar novas receitas ou cortar gastos.
- Alívio para contribuintes, mas preocupação redobrada com o cenário fiscal.
- A indefinição tende a manter investidores cautelosos diante de riscos políticos.
No plano internacional, Trump voltou a criticar Jerome Powell e a defender cortes agressivos de juros. Por aqui, o petróleo subiu levemente após semana de forte queda, e a B3 lançou três novos produtos derivativos. O ouro caiu com maior apetite ao risco.
Conclusão
O Brasil exibe um mercado de trabalho surpreendentemente resiliente em meio a desafios inflacionários, incertezas políticas e pressões fiscais. Juros altos, oscilações recorrentes no [dólar](https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2025/06/27/desemprego---maio-2025.htm) e a evolução da taxa de desemprego refletem as tensões do cenário global, enquanto investidores vigiam de perto os próximos passos do Executivo e do Banco Central. O futuro imediato promete disputas acirradas entre estabilidade e crescimento – e quem negligenciar a análise estrutural pode ser surpreendido pelos desdobramentos.
NOTICIAS REDNEWS 27/06/2025
Até a próxima edição; É só o começo!
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- [Desemprego em maio: recuo do desemprego e menor taxa da série histórica, segundo IBGE](https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202506/taxa-de-desocupacao-recua-e-emprego-com-carteira-bate-recorde-no-trimestre-encerrado-em-maio)
- [Série histórica do desemprego bate recorde no trimestre encerrado em maio](https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2024/06/28/desemprego-maio-2024.htm)