Fed hesita diante de riscos inflacionários, política monetária desafiadora e desaceleração econômica, enquanto o mercado desafia as incertezas.
FOMC mantém cautela diante da ameaça de estagflação, um conceito-chave de dicionário financeiro.
As atas do último encontro do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) revelam um cenário de apreensão entre as autoridades do Federal Reserve. Mesmo com projeções divididas – parte defendendo cortes nas taxas de juros ainda em 2025 e outra mantendo postura conservadora, adotando uma política monetária restritiva –, os membros do Fed ressaltam preocupação com a “possibilidade de estagflação”, quadro caracterizado por inflação resistente e atividade econômica estagnada. “O Comitê estava em posição adequada para aguardar maior clareza sobre as perspectivas para a inflação e a atividade econômica”, destacam as atas, sugerindo que o risco de estagflação permanece central no cenário econômico dos EUA.
Desde a reunião de 18 de junho, os dados de emprego surpreenderam positivamente, ao passo que pressões políticas do presidente Biden sobre Jerome Powell aumentaram, cobrando maior agilidade nos cortes das taxas de juros, um dos instrumentos clássicos da política monetária. Entretanto, o Fed preferiu a prudência, citando a necessidade de mais informações para decidir o rumo da política monetária e avaliar o controle da inflação, já que há temores de possível recessão econômica diante de uma estagnação econômica prolongada.
- O mercado financeiro acionário prosperou, ignorando sinais de enfraquecimento macroeconômico e possíveis consequências da estagflação.
- O preço do petróleo caiu significativamente após um raro gesto de distensão entre Israel e Irã.
- O dólar e o ouro perderam força, enquanto os títulos públicos ganharam leve demanda, evidenciando as incertezas do cenário econômico.
Fed avalia impactos incertos das tarifas sobre inflação e economia.
O impacto das tarifas sobre a inflação e a atividade econômica dos EUA expôs um ponto de dúvida explícito nas discussões do comitê, refletindo os desafios da política fiscal e econômica no cenário mundial. Os documentos frisam: “o aumento das tarifas poderia exercer pressão ascendente nos preços”, mas também apontam incertezas sobre “momento, magnitude e duração desses efeitos”. Segundo os membros, o repasse das tarifas para consumidores pode levar tempo, já que empresas podem adotar estratégias econômicas como esgotar estoques antigos antes de reajustar preços ou absorver parte dos custos temporariamente.
- O Fed reconhece que bens intermediários devem transitar por toda cadeia produtiva antes de afetar o consumidor final no combate à estagflação.
- O próprio Powell pondera que pressões inflacionárias advindas de tarifas “poderiam ser temporárias ou moderadas” e que medidas econômicas de injeção de liquidez não estão descartadas, caso haja necessidade de proteção do dinheiro da economia.
Perspectiva de crescimento econômico é de desaceleração, mas cortes de juros imediatos perdem força no debate sobre política monetária expansionista ou restritiva.
Outra mensagem central das atas refere-se à expectativa de crescimento: “a maioria antecipava um ritmo de crescimento mais lento”, reforçando o temor de recessão econômica e possíveis impactos da estagflação. Embora cortes de juros ainda estejam previstos para este ano, praticamente não há apostas em mudanças já em julho. O consenso da maioria é aguardar dados mais robustos e observar possíveis sinais de arrefecimento econômico e no mercado de trabalho, elementos fundamentais para quem busca entender como funciona a estagflação.
Ainda assim, um pequeno grupo de participantes do FOMC permanece aberto a cortes mais rápidos, sugerindo que o banco central não descarta respostas emergenciais caso surjam choques inesperados. No entanto, prevalece a postura paciente em busca de equilíbrio entre estímulo, política monetária adequada e controle da inflação.
As atas do FOMC expressam um Federal Reserve dividido, cauteloso e consciente dos riscos de estagflação e dos efeitos ainda imprevisíveis das tarifas. A mensagem central é de espera estratégica: monitorar dados e agir apenas quando as tendências ficarem mais claras. O dilema entre proteger o crescimento econômico e conter a inflação deve seguir pautando as próximas decisões sobre política monetária e medidas econômicas. Se o cenário mudar, flexibilidade será essencial — a credibilidade do Fed pode depender disso em meio às consequências da estagflação e suas relações com estagflação e investimentos.
NOTICIAS REDNEWS 09/07/2025
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