Missão no EUA busca barrar tarifaço brasileiro

Em Washington, senadores brasileiros pressionam para adiar imposto de 50% sobre produtos nacionais, em embate que pode redefinir as relações comerciais Brasil-EUA.
Senadores tentam adiar tarifaço nos EUA
O centro da missão é impedir ou adiar imediatamente a aplicação de um imposto de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA, com vigência prevista já para sexta-feira (1º), em meio à crescente tensão sobre as tarifas comerciais Brasil Estados Unidos.
Uma comitiva de oito senadores, liderada pelo catarinense Esperidião Amin (PP), está em Washington tentando postergar a medida e alertando para o grande impacto financeiro para ambos os países. “Impor essa tarifa a partir do dia 1º de agosto causará um impacto financeiro significativo e provavelmente desnecessário”, reforçou Amin.
- O grupo destaca que o curto intervalo entre o anúncio e sua efetivação prejudica empresas, especialmente aquelas que já têm mercadorias embarcadas, colocando em risco até produtos perecíveis sob a nova tarifa 50% EUA Brasil.
- Os encontros envolveram empresários brasileiros e americanos, além da embaixadora Maria Luiza Viotti, em busca de apoio político e institucional para mitigar os efeitos das barreiras comerciais.
"É muito difícil para qualquer ramo da economia se ajustar a uma modificação tão rápida", alertou Nelsinho Trad (PSD-MS), ressaltando os prejuízos imediatos ao setor produtivo, especialmente para exportadores Brasil EUA.
Pressão política e carta conjunta em curso
Os parlamentares correm contra o tempo para produzir uma carta conjunta, detalhando os efeitos nocivos do tarifaço dos Estados Unidos e pedindo o adiamento às autoridades americanas, evidenciando o impacto das medidas protecionistas e da política tarifária americana sobre o comércio bilateral.
Com respaldo da Câmara Americana de Comércio, a intenção é exercer máxima pressão política sobre o governo dos EUA. Empresários indicaram que um manifesto público favorável ao adiamento pode ser divulgado nos próximos dias, evidenciando que os danos do imposto atingiriam também interesses americanos e ampliariam a guerra comercial.
- O documento deve ser finalizado e entregue até 1º de agosto, antes da vigência das tarifas e da nova tarifa básica de Trump.
- Paralelamente, os senadores pedem que a Câmara atue como ponte para um diálogo direto entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, perspectiva defendida por Esperidião Amin como um “dever do presidente da República”.
Como lembrou Carlos Viana (Podemos-MG), a retomada do diálogo de alto nível pode ser crucial para destravar o impasse e para a negociação comercial Brasil EUA: "É fundamental que haja um canal direto entre os presidentes."
Divergências estratégicas e futuro do comércio
As negociações expõem, além das preocupações comerciais, tensões políticas quanto à orientação estratégica do Brasil, principalmente no BRICS e setores de tecnologia e defesa, que afetam diretamente a política de comércio exterior e o futuro da exportação brasileira EUA.
Durante as reuniões, conselheiros e congressistas americanos sinalizaram desconforto com a participação brasileira no bloco e seu posicionamento em temas sensíveis relacionados à política comercial Trump. A delegação brasileira reiterou estar aberta ao debate, mas exige “igualdade nas discussões” acerca das regras da tarifa-base 10% e das novas taxas de importação.
- Roberto Azevêdo, ex-OMC, participou das negociações e destacou que muitos conflitos atuais derivam de “interpretações equivocadas”, mas manteve otimismo quanto ao potencial de diálogo para superar as barreiras comerciais.
- Os senadores sugerem, para o médio e longo prazos, diversificar parcerias comerciais, reforçar o comércio exterior Brasil e buscar alternativas diante da política tarifária dos EUA.
A pressão aumenta também pelo efeito dominó já sentido em Santa Catarina, onde algumas empresas antecipam férias coletivas e relatam adiamentos de operações, ilustrando os riscos do tarifaço para o cotidiano econômico brasileiro e o impacto tarifas Brasil em toda a cadeia produtiva.
A ofensiva brasileira em Washington representa não apenas a tentativa de barrar prejuízos imediatos, mas também um teste estratégico das relações comerciais e políticas entre Brasil e EUA, evidenciando as medidas protecionistas e o avanço do protecionismo americano. O desfecho pode redefinir alianças, abalar cadeias produtivas, influenciar decisões em vários níveis e até determinar rumos para as eleições futuras. No xadrez global das negociações tarifárias, cada movimento agora é decisivo – e o relógio corre.
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