A promessa da descentralização esbarra em obstáculos reais — transformar cripto em dinheiro do dia a dia segue sendo desafio central para a inclusão financeira.
A infraestrutura financeira em países emergentes limita o pleno uso de criptomoedas, apesar do rápido avanço na adoção digital.
Em regiões como Sudeste Asiático e América Latina, cresce o número de pessoas com ativos digitais e busca por acesso a serviços financeiros modernos, mas ainda é difícil integrar esses recursos à vida cotidiana. Os pagamentos permanecem lentos e com muitos entraves, o que faz com que a riqueza digital seja, na prática, pouco funcional. “A ideia da soberania financeira proporcionada pela blockchain ainda está distante de ser concretizada para a maioria”, sintetiza Timothy Chen, chefe de estratégia da Mantle.
- Os chamados “não bancarizados” podem guardar tokens, mas carecem de ferramentas para gastar e investir com segurança, o que dificulta o desenvolvimento econômico local.
- Stablecoins surgem como alternativa à instabilidade cambial, oferecendo poupanças atreladas ao dólar com maior transparência e imutabilidade.
- Mesmo com avanços regulatórios e novas soluções, o acesso ao capital real, especialmente por meio de fundos tokenizados (como o BUIDL da BlackRock), ainda é restrito.
O contraste é visível: “Enquanto nos EUA ETFs de Bitcoin trafegam com liquidez, em países emergentes stablecoins seguem isoladas do fluxo financeiro tradicional”, afirma Chen, ressaltando a necessidade de integração entre blockchain e o sistema financeiro tradicional.
O maior obstáculo na disseminação global do cripto está nos meios de pagamento e na integração com bancos tradicionais.
Para usuários de stablecoins em mercados emergentes, poder economizar é apenas metade do desafio. Sacar, transferir ou gastar esse dinheiro encontra barreiras nos sistemas nacionais — de instabilidade bancária à resistência de grandes bancos, passando pela falta de infraestrutura básica como acesso garantido à internet. “A fase de conversão (‘off-ramping’) é especialmente problemática para quem mais precisa”, destaca Chen.
- Diversos serviços que facilitam a troca entre moedas locais e stablecoins enfrentam bloqueios bancários recorrentes, dificultando o acesso a capital de giro para PMEs.
- Barreiras tecnológicas são cruciais: metade da população dessas regiões não tem nem smartphone, nem conta bancária básica, limitando o desenvolvimento econômico e o acesso a serviços financeiros.
- Mesmo grandes empresas (Meta, Visa, Stripe) esbarram em sistemas legados, usando blockchain apenas como complemento incremental.
O resultado é um sistema “de mão única” — os ativos entram no universo digital, mas raramente voltam de forma útil ao cotidiano dos usuários, reforçando a importância do debate sobre tecnologia blockchain e inclusão financeira.
Novo desenho de neobancos cripto pode eliminar a barreira entre finanças digitais e tradicionais.
A solução passa por criar contas financeiras unificadas, integradas a redes como Ethereum e a sistemas bancários familiares, utilizando a tecnologia blockchain para garantir mais segurança, transparência e imutabilidade nas transações. “O santo graal é permitir que salários e transações do dia a dia fluam livremente entre real e stablecoins, sem ‘prisão’ digital”, propõe Chen. Essa arquitetura avançada promete transformar não só mercados emergentes, mas o próprio funcionamento do dinheiro global e facilitar o acesso a serviços financeiros para milhões de pessoas.
- Neobancos cripto nativos oferecem wallets multiativos e cartões de débito, mas pecam na entrada (“on-ramping”) fácil de recursos para usuários e PMEs.
- Experiências completas exigem depósitos, gastos e saques fluidos entre moedas fiduciárias e digitais, permitindo maior acesso a capital de giro e transparência no processo.
- O cenário regulatório segue evoluindo, com players (como o Revolut) buscando expansão via licenças em mercados estratégicos que visam fomentar a inclusão financeira.
Recriar a experiência bancária, agora “onchain”, abre caminho para uma verdadeira inclusão, indo além do modismo financeiro para gerar transformação social.
Conclusão
A democratização das finanças digitais depende menos da sofisticação tecnológica e mais da integração prática entre cripto e mundo real. Stablecoins podem revolucionar a estabilidade econômica em países vulneráveis, mas só com neobancos plenos e interoperáveis blockchain-tradFi esse potencial se realizará. O futuro da inclusão financeira está, portanto, em interfaces que simplificam — não complicam — a relação entre dinheiro digital e cotidiano e promovem o desenvolvimento econômico sustentável.
O divisor de águas será quando usuários, de qualquer lugar, puderem receber, poupar e gastar em cripto com a mesma naturalidade do dinheiro tradicional, ampliando o acesso a serviços financeiros. Enquanto esse momento não chega, a busca por soluções fica cada vez mais urgente.
NOTICIAS REDNEWS 02/07/2025
Até a próxima edição; É só o começo!
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- Para entender mais sobre o futuro da economia digital e a inclusão financeira no Brasil, acesse [este artigo](https://www.securitylgpd.com/2024/04/o-futuro-da-economia-digital-e-a-inclusao-financeira-no-brasil/).
- Veja também o [relatório completo sobre inclusão financeira no cenário global](https://revistatopicos.com.br/generate/pdf_zenodo/pub_13884663.pdf).
- Para mais conteúdos relacionados à inclusão financeira, consulte a [tag “inclusão financeira”](https://www.securitylgpd.com/tag/inclusao-financeira/).