Trump impõe tarifas drásticas e agita investidores

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Rafael Antares

Tarifas americanas, crise Bolsonaro e dólar volátil colocam Brasil sob tensão máxima: está preparado para o que vem aí?

Início do “tarifaço” dos EUA agrava incertezas para o Brasil.

A partir desta quarta (6), o governo americano de Donald Trump iniciou um imposto de 50% sobre produtos brasileiros, aprofundando o abalo entre as duas economias. Esta tarifa de 50% sobre as exportações faz parte de um novo decreto que amplia as barreiras comerciais e fortalece a política protecionista americana. A medida excluiu quase 700 itens, criando exceções, mas a tensão se mantém alta, pois a escolha dos liberados pode ser revista a qualquer momento: “Trump pode rever a lista [...] ou elevar a sobretaxação dos demais. Não há como prever com segurança o que virá adiante”, alerta Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos.

Os custos da decisão vão além da economia: o contexto se agravou após o STF decretar prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentar manipular processos judiciais com apoio tácito internacional. A resposta dos EUA foi rápida e contundente, manifestando forte crítica à decisão e prometendo responsabilização a quem facilitar ações contra Bolsonaro.

Principais fatos:

  • Implementação súbita de tarifa de 50% para boa parte dos produtos brasileiros, afetando diversas áreas da exportação.
  • Exclusão recente de cerca de 700 itens da sobretaxação, sob ameaça de revisão das exceções.
  • A crise política interna (prisão de Bolsonaro) potencializa a instabilidade do cenário econômico e das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos.

Mercado reage com cautela: bolsas pressionadas e dólar acima do radar.

A incerteza crescente diante das tarifas americanas afasta capital externo e pressiona o real. Nos bastidores, investidores expressam temor de uma escalada na guerra comercial: “A insatisfação do governo americano com o STF é clara, e os efeitos das tarifas devem ser percebidos nos próximos meses pela economia brasileira”, destaca Fernando Siqueira, estrategista-chefe da Eleven.

  • Menor entrada de recursos estrangeiros pode frear o desempenho da bolsa, já atingida por valuations descontados e aversão ao risco.
  • A valorização do dólar, movimento típico em ambientes tensos de comércio exterior, é agravada pelo temor de desdobramentos políticos e comerciais.

Com possíveis respostas econômicas do Brasil na mesa, incluindo represálias comerciais e ampliação das medidas protecionistas, o ambiente é de imprevisibilidade, exigindo análises constantes e acompanhamento dos próximos movimentos de Trump e do STF, especialmente a respeito das importações e das ordens executivas americanas.

Recomendação: prudência máxima, foco na renda fixa e olho no risco inflacionário.

Com a Selic em 15% ao ano, analistas orientam reduzir exposição a ativos de risco, mantendo a maior parte dos investimentos em renda fixa. “Com juros tão elevados, qual seria o incentivo para aumentar a exposição em bolsa ou vender dólar neste momento?”, questiona Espírito Santo, apoiando a busca por títulos prefixados e IPCA+, que travam rendimentos elevados num cenário instável.

  • Títulos indexados à inflação ganham espaço, pois o “tarifaço” pode exigir maior gasto público, pressionando a inflação. Taxas mais altas podem levar ao aumento da inflação doméstica.
  • Pós-fixados também são recomendados diante da volatilidade e indefinição sobre a trajetória da Selic e das possíveis barreiras comerciais.
  • Investidores devem observar possíveis sanções americanas a bancos e instituições ligadas ao caso Bolsonaro, se medidas se aprofundarem, pode haver restrições ao uso do dólar e exclusão do sistema financeiro internacional.

Os especialistas aconselham, mais do que nunca, separar fatos concretos de rumores, evitando pânico desnecessário, e manter vigilância permanente sobre eventuais escaladas diplomáticas e nos impostos de importação.

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Rafael Antares