Tupy fecha aliança estratégica com chinesa Yuchai e mira liderança em motores de grande porte

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Antônio Tubarão

Parceria amplia portfólio, mira data centers e desafia o mercado brasileiro de motores de grande porte – quem ganha com esse movimento?

A Tupy (TUPY3) anunciou uma aliança estratégica com a fabricante chinesa Yuchai, mirando fortalecer sua presença no segmento de motores de grande porte, especialmente voltados para aplicações como centrais de processamento de dados, um setor em franco crescimento e que conta com incentivos do governo federal.

A MWM, subsidiária da Tupy, assume agora o papel de distribuidora exclusiva dos motores Yuchai na América Latina. Mais que isso: as empresas planejam desenvolver estudos conjuntos para produzir localmente os motores chineses, impulsionando a diversificação do portfólio nacional, inclusive com motores elétricos industriais e soluções de alta performance para aplicações industriais de motores.

Rafael Lucchesi, CEO da Tupy, afirmou à Reuters: “A ampliação do portfólio traz vantagens significativas, ao posicionar o Brasil como plataforma para todo o mercado latino-americano.” O executivo prevê que os impactos positivos do acordo devem se refletir nos resultados já a partir de 2026, especialmente no fornecimento de motores elétricos de grande porte e motores industriais de grande porte para setores industriais estratégicos.

Parceria permitirá à MWM atingir faixas de potência superiores e suprir demandas do mercado de data centers e setores de alta performance.

Atualmente, a MWM não fabricava grupos geradores acima de 1 megawatt. Com a nova parceria, passará a oferecer soluções que chegam a 4 megawatts, explicou Cristian Malevi, diretor de energia e descarbonização da MWM. O salto tecnológico é relevante: os motores da nova linha ultrapassam 100 litros, similares aos usados em caminhões extrapesados, sendo significativamente superiores aos atuais, de 13 litros.

Essa evolução implica em motores de grande potência, motores refrigerados por água, além de tecnologia voltada para proteção de motores elétricos e motores de alta tensão, como o motor 13800V e o motor 4000 CV, importantes em aplicações de ventiladores industriais, bombas industriais e compressores industriais.

A divisão de energia da MWM respondeu por 7% da receita trimestral da Tupy, que somou R$ 2,6 bilhões no segundo trimestre, evidenciando a importância estratégica desse novo passo mesmo diante de juros elevados e demanda contida no setor.

  • Ampliação de atuação para:
    • Equipamentos agrícolas de grande porte.
    • Motores náuticos de até 4.000 hp, relevantes em motores navios e ambientes confinados que exigem baixo nível de ruído e eficiente dissipação térmica.
    • Tecnologias com combustíveis alternativos (metanol, gás liquefeito) e solução para motores elétricos de indução de grande porte, como o modelo WPII e W60, empregados em usinas de cogeração e aplicações industriais de motores.

A MWM detém cerca de 30% do mercado nacional de motores a combustão, reforçando sua influência no setor de motores industriais de grande porte.

Cooperação também visa internacionalização, inovação em energia e proteção frente a desafios comerciais globais.

Além de fortalecer a atuação regional, a parceria impulsiona a Yuchai em sua expansão na América Latina, beneficiando-se da rede de 1.300 distribuidores da Tupy. O acordo abrange ainda o desenvolvimento de motores compatíveis com biocombustíveis, alinhando-se à crescente demanda por descarbonização nos mercados europeu e norte-americano.

Novas linhas de motores elétricos de alta rotação, motores industriais de grande porte para engenharia elétrica de motores e motores para aplicações industriais como bombas, compressores, ventiladores e geradores para usinas de cogeração já estão em estudo para atender a alta performance e os desafios de ambientes industriais complexos.

“Sem dúvida, o futuro dos motores está na multienergia”, resumiu Lucchesi, destacando a expertise da Tupy em soluções para biocombustíveis e a crescente demanda por manutenção de motores de grande porte. Nos próximos meses, a MWM deve anunciar os primeiros contratos, segundo Malevi, embora detalhes ainda estejam sob sigilo.

Contextualizando o ambiente externo, Lucchesi minimizou, por ora, os efeitos das tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros, confiando no estoque mantido no mercado norte-americano e em avanços nas negociações diplomáticas. Contudo, reconheceu o impacto negativo do desaquecimento do mercado de caminhões nos EUA sobre o desempenho da Tupy. As Américas do Sul e Central representaram 46% da receita no último trimestre, indicando foco regional relevante, enquanto a América do Norte respondeu por 36% e a Europa, 15%.

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Antônio Tubarão