Mesmo com dólar globalmente mais fraco, barreiras dos EUA e incertezas fiscais travam valorização da moeda brasileira.
Tarifas americanas cortam impulso do real.
Após a imposição de tarifas de até 50% sobre exportações brasileiras para os Estados Unidos, o real perdeu força diante de um cenário que seria positivo, marcado pela desvalorização global do dólar. O Itaú destaca que, apesar do contexto externo favorável, “as tarifas aplicadas aos produtos brasileiros, somadas às incertezas fiscais, limitam a valorização da moeda” — situação que reflete o impacto das tarifas comerciais brasileiras em vigor no comércio bilateral Brasil EUA.
A reação foi imediata: na semana passada, o dólar subiu 2,3% frente ao real, mostrando como o movimento protecionista dos EUA impacta diretamente o câmbio. Ainda assim, no semestre, o real acumula uma valorização, graças à fraqueza do dólar no exterior – um fenômeno alimentado por políticas fiscais expansionistas americanas e menor tensão geopolítica, características do atual cenário da economia internacional Brasil.
- O real subiu de R$6,00 para R$5,50 por dólar desde abril.
- Projeção de câmbio permanece em R$5,65 para 2025 e 2026.
O efeito das tarifas é potencialmente drástico. Segundo cálculos do Itaú, a tarifa média efetiva deve ficar em torno de 40%, podendo provocar uma queda de até US$16 bilhões no fluxo exportador anual ao país norte-americano. Esse é um ponto de atenção para a competitividade das exportações brasileiras, altamente sensíveis às barreiras tarifárias e às alíquotas de importação impostas no comércio exterior Brasil. A tendência, porém, pode ser suavizada caso exportadores brasileiros consigam redirecionar parte destas vendas para outros mercados — estratégia relevante para evitar perdas no setor de exportações brasileiras frente à tarifação.
Cenário externo favorece emergentes, mas risco local pesa.
A análise do Itaú ressalta que “o ambiente internacional, com o dólar mais fraco, poderia impulsionar ainda mais o real”. Fatores como o elevado déficit em conta corrente dos Estados Unidos e questionamentos sobre políticas econômicas e independência do Federal Reserve colaboram para o enfraquecimento do dólar no mundo, influenciando diretamente a política comercial brasileira e a regulamentação de importação em vigor.
Nesse novo contexto, emergentes ganham mais espaço para valorização de ativos. O banco ajustou projeções para o euro (de 1,12 para 1,20 dólares) e para o iene frente ao dólar. Mas a recuperação não é homogênea: “Países que adotem aumentos tarifários mais expressivos... poderão apresentar prêmios de risco que neutralizem o efeito global decorrente da desvalorização do dólar”, o que coloca setores afetados por tarifas e acordos comerciais Brasil em constante monitoramento.
- Déficit em conta corrente dos EUA deve chegar a 6% no início de 2025.
- A perda de excepcionalismo americano afeta o apetite global por dólar, afetando a competitividade das exportações brasileiras.
No caso brasileiro, a reação à nova tarifa americana descolou parte do real dos benefícios externos, e o balanço de riscos do Itaú para a economia nacional ficou mais pessimista para 2025, acentuando o debate sobre tributos no comércio exterior e potenciais guerras comerciais envolvendo o Brasil.
Projeções de crescimento e inflação ajustadas sob tensão.
Apesar dos choques, o Itaú sustenta projeção de crescimento do PIB brasileiro em 2,2% para 2025, caindo para 1,5% em 2026. Já o desemprego deve permanecer estável: 6,4% em 2025 e 6,9% no ano seguinte. O IPCA foi revisto para 5,2% no próximo ano, refletindo baixa do milho e diminuição do IPI sobre automóveis; os aumentos anunciados de energia e loterias compensam parcialmente a tendência, em linha com ajustes de nomenclatura de importação e manejo de tarifas de importação Brasil.
Sobre a política monetária, a avaliação é que o Banco Central concluiu o ciclo de alta, mantendo a Selic em 15% ao ano, e só voltará a cortar juros em 2026, “salvo choques de desinflação expressivos”. O adiamento desses cortes é o risco mais relevante do momento, especialmente diante dos desdobramentos na regulamentação de importação e do papel da Câmara de Comércio Exterior (Camex) na definição de tarifas.
- Selic deve encerrar 2026 em 12,75% ao ano.
- O balanço de riscos para inflação de 2025 é marginalmente pessimista, com influência das novas políticas de tarifa de importação Brasil.
Conclusão
Mesmo em um mundo com dólar mais fraco, o protecionismo dos EUA e a incerteza fiscal brasileira formam uma barreira quase intransponível à valorização do real. O cenário é desafiador: economia em compasso de espera, exportações sob ameaça, guerra comercial Brasil-EUA intensificada e juros altos por mais tempo. O futuro depende de desdobramentos políticos, capacidade do Brasil em negociar melhor suas relações comerciais Brasil EUA e aceitação de que, por ora, a “janela de oportunidade” não está tão aberta quanto parece.
Links incorporados
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- Regras futuras sobre importações – Receita Federal – referência à regulamentação de importação e tributos comércio exterior.
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- Trump, Estados Unidos e as tarifas ao Brasil – análise estratégica – repercussões na política comercial brasileira.
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